20 agosto 2010

Tempo de incêncio - 1994

Felgar, 20 de Agosto de 1994 (sábado).

Já lá vão 16 anos.
Decorriam as festividades em honra de Nª Sª do Amparo.
Um violento incêndio consumiu o Cabeço da Mua.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, já lá vão 16 anos, tantos quantos durou a 1ª republica, e lembro-me como se fosse ontem deste incêndio e que o presente filme me fez reviver.

Tinha os meus 31 anos, estava junto ao bairro da ferrominas e vi passar o fogo para a Mua e, num instante, apercebi-me que já ninguém pegaria nele. É claro que nesta altura a Mua não estava toda plantada de pinheiros como agora, era mais mato rasteiro e alguns pinhos. Mas, o vento fez o fogo passar pela Mua como cão por vinha vindimada e num ápice toda a Mua era consumida pelo fogo devorador que logo alastrou para a zona do Souto.

Recordo-me bem, e tenho fotos lá por casa, do triste espectáculo do rescaldo e que era a dor de ver o cabeço todo negro,um gigante sem alma.
Ainda bem que depois logo foi plantado e o resultado está ali á vista de todos e já com pinhos bem crescidos.

Não sei se foi o último acto das tragédias que sempre assolaram a Mua.
Desde o séc. XVIII, tomou o corregedor e juiz de fora A.J. Sá providências para impedir o fim do pinhal, proibindo as queimadas e os abates ou desbates dos pinhos.Ainda por 1952 a Mua estava bem despovoada, o que não impedia de ser este o pinhal a grande e quase única fonte de receitas da Junta, com a venda da resina e da madeira, e de grande amparo ou subsistência para os demais fregueses.

Muito haveria para dizer sobre o Cabeço da Mua,nomeadamente, sobre a razão de ser da sua etimologia, o papel de atalaia ou o facho que lá do alto controlava as redondezas, o seu papel para o dia à dia da aldeia ou até sobre o seu triste destino final..., por ora, ficamo-nos com a recordação do último acto tragico- dantesco e que o filme bem documenta.

Venham, então, mais filmes para a história do Felgar.

Blueberry.

Anónimo disse...

As gentes do Felgar vão certamente voltar-se de novo para o cabeço num futuro próximo, quando o grande lago engolir as "bergeiras" e com elas as canas, a rodriga, o cabo para o sacho, o pau para o lume, o tomilho para as azeitonas, os espargos para as omoletes, os primeiríssimos figos lampos.